Translate

terça-feira, 10 de maio de 2011

O lenço vermelho



Um véu vermelho corta a luz baixa. Misturado ao cabelo da escrava era impossível diferenciar um do outro. Antes de seu corpo se aproximar, o que chegava primeiro era seu olhar, baixo, mas firme, fixo no ponto de equilíbrio que guiava seus passos. Seu Senhor a esperava junto as almofadas de cetim, deitado, aguardando a demonstração de gratidão e alegria de Sua escrava. 
Por de baixo do véu uma escrava de pele clara, olhos doces, cabelos cumpridos, sorriso tímido. Sua carne tremia e o coração pulsava forte. Seus giros começaram ainda tímidos, passos ainda não ensaiados, que fluiam por instinto. O movimento dos véus que compunham toda a sua roupa produziam uma brisa que faziam dançar também as chamas das velas que davam luz ao ambiente. A dança tomou conta não só de seu corpo, mas também elevou seu espírito, já não controlava mais seus passos, nem seus batimentos, nem mesmo sua respiração. Vez ou outra abria seus olhos e via o sorriso de satisfação do seu Dono, era como se fosse a ordem aguardada para continuar. "Dance de olhos abertos, quero que veja o que te aguarda". Não foi preciso repetir, a escrava se aproximou obedecendo a ordem expressa pelo olhar daquele que a adestrou para reconhecer Seus desejos dessa forma.

Um a um os lenços de sua roupa foram sendo retirados, puxados de maneira caprichosa, para serem sentidos acariciando o corpo que antes os carregava. Parada a frente de seu Dono, a escrava era amarrada por esses lenços, mas primeiro seus pulsos para que pudesse continuar a dançar, agora nua, apenas com presilhas que trazia nos seios como adornos e o véu vermelho. 

Levou um susto enorme quando sentiu as mãos que a amarraram agora sustentando seus braços no alto por trás. Firmes e com o objetivo de lembrar a escrava que seus movimentos o pertenciam assim como tudo que dizia respeito a ela. Assim como os lenços de sua saia, a graça do seu movimento era justamente por estar presa. Um lenço solto não tem a mesma leveza que tem um lenço cuja ponta permanece presa dando a ele a capacidade de dançar ao menor assopro.
Amarrada e amordaçada... feliz, dançando como uma odalisca. Serva por escolha, por destino, dançarina por prazer, como um lenço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário