Translate

sábado, 21 de abril de 2012

Asfixia e as delícias de "perder o ar"

A presença da mão no meu pescoço, só brincando, já é algo que me fascina. Sentir apertar gradualmente, sufocando, regulando o quanto de ar que me deixa viva... é o momento onde minha vida está literalmente nas mãos Dele. A falta de ar deixa os outros sentidos aguçados e ei gosto de olhar nos olhos, sentir a respiração faltar e buscar por ela na boca do Dono.


Gosto quando o ar está num filete, no limite, na sublime quase falta de vida, mas saber que eu posso voltar a viver assim que Ele quiser. Já fui asfixiada com as mãos, com corda, com corrente, mas ainda não tive a chande de experimentar sacolas e água!



Jogos perigosos, adrenalina, tesão, prazer e cumplicidade. A confiança me permite usufruir de momentos de intenso prazer e proporcionar isso é quase sem preço, sem explicação, apenas vivemos. 
"O nosso jogo perigoso combina, nós somos fogo e gasolina"

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Que sentimento é esse?

Estava conversando com uma amiga e nos questionávamos sobre o "eu te amo" dito pelas submissas aos seus Donos, inclusive nós. Como amar e dizer isso a alguém que as vezes conhecemos tão pouco? Esse pouco é o suficiente? É sincero esse "eu te amo"?
Bom, eu não vou julgar os sentimentos e as atitudes dos outros, mas tenho pouca experiência quando se trata de sentimentos assim externados, uma vez que essa "troca" não me é familiar, mas enfim!
A primeira vez que eu disse "eu te amo" a alguém foi para o meu Dono. E confesso que não era exatamente isso que eu queria dizer. Estive pensando... a gente tem em mente que o amor é o sentimento mais forte, e como vivemos algo intenso e forte, dizemos que é amor mas eu não acho realmente que seja, mesmo que eu precise usar esse sentimento para expressar o que sinto
e qual seria esse sentimento, afinal de contas? Ainda não deram um nome a ele, então eu poderia transformar, com a licença poética que não me cabe, mas que uso assim mesmo, o nome  do meu Dono em sentimento e dizer que estou "diegando". Sim, e a cada dia mais eu estou diegando... e talvez esse sentimento eu saiba qual é, conheço a cada dia e me reconheço nele também a cada dia. Esse sim me sai do coração, do corpo, da veracidade com a qual eu me entrego. Precisamos deixar de ser cartesianos e dar uma direção exata para tudo, um nome "comum" para o que sentimos! Viver o BDSM é justamente se deixar viver coisas novas, sentir novos prazeres e por que não criar novos "rótulos" para o que sentimos? Sim, eu me permito experimentar novos prazeres, novos sentimentos, novas maneiras de testar meus medos e minhas inseguranças e isso tudo porque hoje me permito "diegar"! E como isso me enche a alma!!!! Dizer que estou "diegando" intensamente! Permita-se!!! Sinta!!! 
Obrigada, Dono, por me permitir "diega-Lo"! 


segunda-feira, 16 de abril de 2012

Veneração

Sou uma fiel veneradora do meu Dono e do Seu falo. Meus olhos, quando focam no pau Dele, obrigam minha boca a se abrir. É um movimento integrado, coordenado, sincronizado, eu diria. Minha fonte de alimento, meu orgulho, meu amor.










Branding - Marcas



Dentro do contexto BDSM, o branding é uma forma de estabelecer um elo entre os parceiros através da marcação feita, geralmente com ferro quente, como se faz para marcar o gado. Essa marca pode ser criada exclusivamente para consolidar essa parceria e eternizar a relação, uma vez que a marca será permanente.
Acredito que esse seja uma das maiores provas de estima e adoração de uma parte para com a outra e essa ideia ronda meus pensamentos desde que conheci meu Dono. Imagino algo bem bonito, como uma joia que vou carregar para sempre, com orgulho.


Quem sabe um dia, né? Mas o legal é que descobri que são feitas diversas pesquisas antes de se chegar a conclusão de qual o melhor metal, a temperatura que o metal deve estar para marcar a pele. É uma preocupação bacana, demonstra cuidado, carinho. E como negar um agrado desse? Como não querer isso sendo uma masoca apaixonada? 
Dizem que amor e BDSM não combinam... ou não devem se misturar. Discordo. Se eu não amasse meu Dono não estaria com Ele, mas cada um tem seus motivos, os meus são vários, mas com certeza um deles é amor. 
Recordei de um filme magnífico sobre o tema BDSM, O Juíz do SM, ou, Rechter. Uma bela história que aborda não só o BDSM, mas tudo o que o cerca: preconceito, realização, práticas, descobertas... e amor.
Caso alguém leia isso, saiba que isso é uma realidade na minha vida, tudo isso. E é assim que sou feliz e espero que você também seja ;)

As cenas a baixo foram retiradas do filme citado na postagem








sexta-feira, 13 de abril de 2012

Pertencer segundo Clarice Lispector

...Tenho certeza de que no berço a minha primeira vontade foi a de pertencer. Por motivos que aqui não importam, eu de algum modo devia estar sentindo que não pertencia a nada e a ninguém. Nasci de graça. 

Se no berço experimentei esta fome humana, ela continua a me acompanhar pela vida afora, como se fosse um destino. A ponto de meu coração se contrair de inveja e desejo quando vejo uma freira: ela pertence a Deus. 
Exatamente porque é tão forte em mim a fome de me dar a algo ou a alguém, é que me tornei bastante arisca: tenho medo de revelar de quanto preciso e de como sou pobre. Sou, sim. Muito pobre. Só tenho um corpo e uma alma. E preciso de mais do que isso. 
Com o tempo, sobretudo os últimos anos, perdi o jeito de ser gente. Não sei mais como se é. E uma espécie toda nova de "solidão de não pertencer" começou a me invadir como heras num muro. 
Se meu desejo mais antigo é o de pertencer, por que então nunca fiz parte de clubes ou de associações? Porque não é isso que eu chamo de pertencer. O que eu queria, e não posso, é por exemplo que tudo o que me viesse de bom de dentro de mim eu pudesse dar àquilo que eu pertenço. Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado em papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o! Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos. 
Pertencer não vem apenas de ser fraca e precisar unir-se a algo ou a alguém mais forte. Muitas vezes a vontade intensa de pertencer vem em mim de minha própria força - eu quero pertencer para que minha força não seja inútil e fortifique uma pessoa ou uma coisa. 
Quase consigo me visualizar no berço, quase consigo reproduzir em mim a vaga e no entanto premente sensação de precisar pertencer. Por motivos que nem minha mãe nem meu pai podiam controlar, eu nasci e fiquei apenas: nascida. 
No entanto fui preparada para ser dada à luz de um modo tão bonito. Minha mãe já estava doente, e, por uma superstição bastante espalhada, acreditava-se que ter um filho curava uma mulher de uma doença. Então fui deliberadamente criada: com amor e esperança. Só que não curei minha mãe. E sinto até hoje essa carga de culpa: fizeram-me para uma missão determinada e eu falhei. Como se contassem comigo nas trincheiras de uma guerra e eu tivesse desertado. Sei que meus pais me perdoaram por eu ter nascido em vão e tê-los traído na grande esperança. 
Mas eu, eu não me perdôo. Quereria que simplesmente se tivesse feito um milagre: eu nascer e curar minha mãe. Então, sim: eu teria pertencido a meu pai e a minha mãe. Eu nem podia confiar a alguém essa espécie de solidão de não pertencer porque, como desertor, eu tinha o segredo da fuga que por vergonha não podia ser conhecido. 
A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo. E então eu soube: pertencer é viver. Experimentei-o com a sede de quem está no deserto e bebe sôfrego os últimos goles de água de um cantil. E depois a sede volta e é no deserto mesmo que caminho!


Clarisse Lispector

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Prazer maior

"Este prazer é tamanho que nada pode interferir nele.


e o objeto que Lhe serve não pode, ao saboreá-Lo, deixar de ser transportado ao terceiro céu


nenhum outro é tão bom, nenhum outro pode satisfazer tão completamente os indivíduos que cedem a ELe


e aquele que O experimentam só conseguem voltar a outras coisas com muita dificuldade."


Donatien de Sade