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terça-feira, 27 de setembro de 2011

Baunilhas de plantão


Meus amigos baunilhas são o máximo! Provavelmente saberão que são baunilhas lendo isso agora (baunilha é o termo que nós, praticantes de BDSM, usamos para denominar quem não é praticante).
Esses dias um abriu meu blog na minha frente, o que me fez corar, mas pensei comigo: ele está me conhecendo cada vez mais, sabendo quem eu sou de verdade, quem ainda nos dá essa possibilidade nos dias de hoje onde um quer arrancar os olhos do outro? Então relaxei... mas aí um foi passando o link para o outro e no final das contas todo mundo já deu uma passadinha de olho por aqui, então por que não fazer uma homenagem singela a eles aqui, onde sou mais do que a amiga de dar risadas, agora a amiga que ensina bondage depois das festas, a amiga que de repente ajuda sem nem saber, pelo simples fato de tentar mostrar como a vida é leve quando se vive a realidade que lhe cabe, que lhe é desejada...
Bom, a vocês que ame apoiam, que estão a meu lado, que as vezes têm medo de mim, mas curtem estar comigo, meu mega obrigado. Obrigado por não me julgarem, não me condenarem e por serem parte da minha vida e do que eu sou, obrigada por não me abandonarem e por me mostrar que amizade a gente leva na alma. 

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Meu bichinho

Quis o Marquês de Sade que aqueles que antes não revelavam seus desejos mais obscuros pudessem viver de maneira plena e satisfatória. Me encontrei enquanto mulher, escrava e por quê não dominadora. Ouvi muita coisa ruim, muitos me criticaram, mas quem sabe dos meus desejos, limites e possibilidades sou eu. Sou muito bem resolvida para saber me comportar de acordo com cada contexto. Cada um sabe o que é melhor pra si e dizer a alguém que não pode fazer isso ou aquilo porque "não é o certo" é prepotência demais. 
Eu vivo meu momento e vivo do meu jeito e tive a sorte de encontrar pessoas maravilhosas que me ajudam a construir a pessoa que eu sou. Isso de dizer que nossa felicidade não pode ser encontrada em outra pessoa é balela. É claro que não podemos jogar a responsabilidade de nossa felicidade em alguém, mas somos felizes porque temos pessoas que compartilham nossas alegrias com a gente. Eu tenho a sorte de ter perto de mim alguém assim, alguém que pode falar e ouvir a verdade e se mostrar de verdade, ficar chateado, feliz, angustiado, as vezes perdido e até esquecido. 
Bichinho, seu lugar está mais do que guardado. Não quero outro nem muito menos perder você. Ainda temos muito o que viver e aprender um com o outro. 
Segura minha mão e não solta!
Se quiser, eu piso em você pra saber que é sob meus pés que te quero. 
Quero muito e farei de tudo pra você saber disso...

Meu corpo

Eis aqui a tela... em branco, mas já violada... remendada e pronta pra ser definitivamente pincelada, desenhada por Suas mãos. Os desenhos gostaria que fossem os mais profundos e belos, os mais desejados e apenas imaginados, ainda sem contornos reais. As cores devem ser as mais vibrantes, mais reluzentes e próximas ao vermelho do amanhecer e o roxo do anoitecer... 
Novas formas surgirão, novos contornos serão descobertos, novos laços serão feitos e eternizados. Laços de sentimentos e de sisal. Tesão aceso com palavras e velas... 

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Prende-me



És tu! És tu! Sempre vieste, enfim!
Oiço de novo o riso dos teus passos!
És tu que eu vejo a estender-me os braços
Que Deus criou pra me abraçar a mim!
Tudo é divino e santo visto assim…
Foram-se os desalentos, os cansaços…
O mundo não é mundo: é um jardim!
Um céu aberto: longes, os espaços!
Prende-me toda, Amor, prende-me bem!
Que vês tu em redor? Não há ninguém!
A Terra? — Um astro morto que flutua…
Tudo o que é chama a arder, tudo o que sente,
Tudo o que é vida e vibra eternamente
É tu seres meu, Amor, e eu ser tua!
Florbela Espanca

O Dono

Quando eu era criança meu pai me levou a casa de um amigo para eu escolher um dos filhotes da cadela dele. Eram todos lindos! Crueldade com uma criança ter que escolher apenas um, mas eu tinha que escolher. Levei um bom tempo olhando, analisando cada um deles e sabia que dali pra frente eu teria que cuidar dele, dar banho, ensinar truques e isso me pareceu encantador. Mas a dúvida premanecia: qual deles?
Alguns brincavam comigo e outros nem me deram confiança, mas um era estabanado, brincava ora cá ora lá, corria e chamou minha atenção por ser "parecido comigo". Assim, eu o escolhi. Ele permaneceu longos anos comigo e isso foi muito bom! Mas tivemos que dá-lo por motivos de obra em casa. 
Passado um bom tempo, me vi como aquele cachorrinho... precisando de um dono, uma vez que me reconheço como uma cadela, ora brincando aqui ora ali, mas precisando aprender novos truques, ser cuidada e já não mais achava que encontraria, seria uma cadela de rua, perdida e talvez rendida.
Eis que surge a oportunidade, a decisão de alguém que escolheu uma cadela entre tantas outras talvez por ela "parecer com ele", demonstrar alegria e vontade de ter um dono, vontade de querer brincar com o osso que ele tem pra jogar, aprender os truques que ele tem pra ensinar, usar a coleira que ele tem pra oferecer. 
Não quero, por enquanto, escrever nada além disso, uma vez que já passei por isso algumas vezes e sei a dor que é ter as expectativas frustradas, mas desejo em breve poder postar aqui como uma cadela com dono, como uma cadela feliz, com seus brinquedinho, com seu potinho e tudo mais que ela tem direito!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Mundo paralelo

Você que começou ler isso agora... é... você que caiu de paraquedas no meu mundo paralelo, liberte seus desejos mais ousados, queira escavar no mais profundo recanto de suas taras e me encontre lá. Lá seremos apenas eu e você, duas criaturas que se esbarraram por obra do destino e agora criaram mais um esconderijo para nossos planos... Você que me tem sem nunca ter me tocado, me sente sem nunca ter me visto, mas me sabe, me aprende, me sonha e deita suas  asas de anjo com covinhas sobre mim... 

Wilma Azevedo

Ando lendo muita coisa para minha dissertação de mestrado e encontrei um ótimo livro sobre sadomasoquismo da escritora Wilma Azevedo: SADO MASOQUISMO SEM MEDO. Gosto muito da forma como escreve atendendo as necessidades tanto dos leigos como dos entendidos do assunto. É bom termos um apoio literário, aberto e sem rodeios que norteiam não apenas pensamento, mas atitudes também.
Fica aí a dica de leitura, além do blog da autora www.venusdecetim.blogspot.com.

Alguns trechos do livro:
"Sempre achei que a fantasia faz parte do ritual de prazer e os outros têm que aprender a respeitar as predileções alheias, pois é o combustível da libido. Os humanos não são como os animais que praticam o sexo somente quando estão no cio. Eles não têm hora para o desejo sexual, não obedecem  um ritmo padronizado. A origem da imaginação erótica é entendida pelos psicólogos como fundamental, até para manter o equilíbrio emocional das pessoas. Dizem que em matéria de fantasia, vale tudo, menos a violência e a censura. (...) É preciso muita maturidade para alguém usufruir de sua capacidade sexual em toda plenitude, sem subterfúgios."




Tatuagens e marcas

Para muitas sociedades as marcas corporais são tidas como estigmas, sinas visíveis de pertencimento a um grupo ou mesmo de rejeição. Algumas imperfeições genéticas são tidas como estigmas, marcas que Deus faz para apontar aqueles que, por algum motivos, precisam ser vistos por todos... muitas vezes como exemplo da fúria divina. 
Tatuagens são mais ou menos como estigmas, mas essas marcas são escolhidas, desempenham um papel na sociedade de definir grupos, gostos... Para alguns são símbolos de rebeldia e ostentação, de quebra de regras e renovação daquilo que se tem como ideal.
Quis fazer essa introdução para mostrar que sou uma cadela informada e estudada, mas a cima de tudo para descrever a minha satisfação pelas minhas marcas, meus estigmas e minha tatuagem.
Quando olho para minhas marcas após uma sessão fico com um pouco do dominador em mim, não em minha mente, algo mais do que plausível, mas no meu corpo, na parte material da minha entrega, e com isso posso ter a certeza de que dei o melhor de mim. Meu empenho, meus limites... posso dizer em algumas ocasiões que dei meu sangue!
É assim que sinto realizada, é assim que mostro minha essência, meu eu maior! Algumas marcas se tornaram tatuagens, não saem, passaram a fazer parte de mim como tudo aquilo que já nasceu comigo. Talvez as reconheça como sinais de um nascimento recente, de um nascimento por querer, por vontade, por necessidade. Um nascimento orquestrado e que ainda ressoa no tempo, no espaço... 
Marcas... as quero para além da memória, para além do registro, para além do tempo. Minha história será contada no meu corpo por aquele que o escolher para usá-lo como diário. Me entrego, mesmo que já marcada, mas ainda com páginas em branco...

Deleite

Me prenda nas amarras do Seu pensamento
Me use como nunca usou outra
Amacie seu chicote novo no meu lombo
Sacie Suas vontades mais devassas no corpo de Sua serva
Me eleve ao mais alto que uma cadela pode chegar
Me leve aos poucos, mas me leve
Se deleite com meu desespero, com meu sopro de ar que se esvaindo a sua mercê