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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O chão

Dizem que dele a gente não passa.
Numa casa arrumada ele deve estar sempre impecável.
Sentir a temperatua dele com os pés descalço é um prazer... eu adoro...
As vezes servem de abrigo
De apoio para a comida...
Serve como base para os joelhos, as palmas das mãos
Daqui vejo tudo por inteiro... Seu corpo, Seu poder, Seus móveis, Seus sapatos e chinelos...
Daqui beijo Seus pés, me curvo ao N/nosso prazer e me aconchego como se estivesse nos Seus braços...
Obrigada Dono amado, 7 meses. Estar a Te servir é uma honra. Obrigada pela dedicação, pelo tempo, pelos ensinamentos, pelo prazer na pele e na alma, pelas risadas, pelos carinhos e, principalmente, obrigada por estar na minha vida.
Te amar é o mínimo que posso fazer.


domingo, 28 de outubro de 2012

Falta pouco...

Hoje falta pouco...
Hoje estou mais tranquila e menos ansiosa (o que não será a mesma coisa no dia que antecede estar com O Dono... fico nervosíssima como se fosse a primeira vez).
Quando falta muito eu chego a só pensar nisso o tempo todo e sabe o que é pior? Não adianta nada, muito pelo contrário, parece que o tempo acaba demorando mais a passar.
Depois de algum tempo, alguns diaszinhos, parece que o coração entra em stand bay e se acalma. Sabe que o melhor é esperar o dia marcado chegar. Durante esse tempo eu passei a cuidar de mim.
Saudade dói, incomoda, sufoca em alguns momentos, mas passa, passa e precisa nos deixar sadias para que a próxima vez seja eternamente a primeira, aquela quando nos sentimos no lugar certo, na hora certa com a pessoa certa.
Por isso hoje eu preferi sossegar a saudade nas lembranças boas e tentar imaginar o que me espera... Sabe por quê? Porque falta pouco... muito pouco.
 
 

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Exclusividade

Vivo o BDSM há pouco menos de dois anos, por isso, talvez, ainda veja meu estilo de vida muito misturado ao baunilha, o que na verdade não me parece nenhum crime, uma vez que não visto uma máscara de escrava e depois tiro, sou íntegra. Vivo o BDSM 24/7, graças ao meu Dono. (Não moramos juntos, logo não pretendo que entendam o meu 24/7 dessa maneira, apenas me refiro a tal prática tendo em mente que vivo PARA Ele, mesmo não vivendo COM Ele).
Mas muitas coisas se misturam e as vezes nos confundem e sair da linha pode ser fatal...
Assim, nessa dicotomia, vou levando minha vida da melhor maneira possível. 100% não existe em nenhum setor da nossa vida, em nenhum relacionamento e por isso a exclusividade passou a ser um exercício interessante e de auto conhecimento. 
Um amigo me perguntou hoje como consigo ser fiel, exclusiva e não querer mais ninguém (homem), como que não tenho desejo por mais ninguém. Bom, complicado isso... porque não dá pra dizer que toda sub tem o que eu tenho, que todos vivem da mesma maneira o BDSM. 
Depende de fatores tão diversos quanto a diversidade de seres humanos. Personalidade, sentimento, fase da vida, cumplicidade, comprometimento, auto conhecimento, auto estima, vontade, entrega, identificação com quem a gente está... deixei essa por último porque eu entendo que muitas vezes a necessidade de se entregar pode atrapalhar um pouco a escolha do parceiro ou parceira e isso é arriscado, mais do que deveria ser.
A gente conhece alguém, mostra o que tem de melhor porque a sedução faz parte da aproximação inicial e depois se joga, mas só a convivência é que dirá quem é quem, é quando os defeitos aparecem e é com eles que devemos aprender sobre o outro. É com o todo que convivemos, é nessa hora que se define o que você quer de verdade.
Porém, outro fator é fundamental no meu ponto de vista: não dá pra saber o quanto de você será doado, o quanto da pessoa que você é ao entrar nessa relação será modificado, o quanto do seu desejo será direcionado para uma só pessoa. Eu escolhi ser de um homem só porque O escolhi de corpo e alma, dei minhas cabeçadas por aí e cheguei a conclusão que minha vida deveria ser Dele, que eu vivi tudo o que vivi, de certa forma, porque deveria aprender o básico sobre mim para poder me entregar de verdade.
Com sorte e sinceridade nas palavras e nas atitudes hoje carrego com orgulho a coleira Dele. Sou exclusiva por opção e convicção. Sou feliz assim e pretendo ser por muito e muito tempo.
Esse é o ponto de vista de uma escrava exclusiva, claro que a exclusividade nem sempre é bilateral... e se não for? Aí é preciso conversar desde o início (e sempre, porque conversar faz parte de uma relação saudável, seja ela qual for) e colocar tudo as claras para que ninguém seja magoado nem enganado. Você é responsável pelas escolhas que faz, é seu dever arcar com as consequências de tudo que vier com elas. É fácil? De jeito nenhum! Mas quem disse que seria?






quarta-feira, 3 de outubro de 2012

6 meses...

Seus olhos ainda me encantam...
Seu cheiro ainda me entorpece...
Sua voz ainda me hipnotiza...
Suas mãos ainda me seguram...
Seu corpo ainda me aninha...
Sua risada ainda alimenta meu espírito...
Sua amizade ainda é meu eixo...
Sua existência ainda é meu chão...
Muitos "ainda" porque a cada dia que acordo e penso "sou Dele" é um dia de luz, uma renovação da certeza mais profunda que já tive: ainda serei Dele. Hoje sou e isso me faz ir além dos meus sonhos, me transporta além das nuvens, me espreme na realidade mais viva e tira de mim a essência pura da mulher que ama, serve, admira e sonha. 
Obrigada Dono... por tudo.

Distúrbios do prazer - o filme - as inquietações...

   Outro dia assisti ao filme "Distúrbios do prazer". O tema eu não poderia ao certo definir, mas paira entre o desejo de viver intensamente seus desejos e o desequilíbrio psicológico. 
   Já havia visto outros filmes com esse tipo de discussão e mais uma vez alguns pontos me vieram a mente. O que leva de fato alguém a buscar prazer causando ou sentindo dor? Se submeter a alguém em tempo integral, sem limites ou com limites muito pouco prováveis se não fosse a relação D/s?
   Não estou fora de nenhum dessas categorias, não que eu seja uma desequilibrada emocional incontrolada. Tenho sim meus momentos de desequilíbrio, mas nada que atente contra minha vida ou a de outra pessoa. A questão é que tanto de desconhecida eu tenho dentro de mim que me permite sentir esse tipo de prazer e não saber se isso me faz bem ou não? Será que quem tem outras formas de prazer se questionam isso? A consciência de que se está vivendo uma coisa tão intensa é a prova de que o seu desequilíbrio é tolerável? São tantas perguntas, tantos caminhos, tantas formas de ver a vida que fica complicado encontrar um ponto de partida único.
   Somos muito mais responsáveis pelo que acontece na vida das pessoas do que imaginamos. Digo isso porque as pessoas não sentem, agem, vivem de forma igual e quando estabelecemos padrões também criamos linhas imaginárias que separam o que é "certo e errado", "normal e anormal", "bom e ruim", e com isso separamos aqueles que têm as mesmas características daqueles que de alguma forma estão fora dos limites estabelecidos. O ser humano busca a aceitação e a felicidade e nenhuma dessas coisas se consegue sozinho, por isso quando estabelecemos fronteiras entre os critérios sociais acabamos excluindo e criando nós mesmo, na vida dos outros e nas nossas, desordens involuntárias que podem causar danos complexos.
   Claro que não dá para culpar a um estranho todas as incertezas e insucessos de nossas vidas, grande parte do que somos dependeu apenas e exclusivamente de nossas escolhas, dos caminhos que decidimos seguir. Ninguém colocou uma arma na minha cabeça ou ameaçou a minha família para que eu me tornasse uma praticante de BDSM. Nem minha coleira foi imposta como algo que seria vital a minha pessoa (se bem que hoje me parece ser...). O que vivo hoje foge das expectativas mais intensas que eu já tive, até porque tudo no BDSM é mais intenso e por isso, pelo menos pra mim, muita coisa é imprevisível, muito do que sinto era inimaginável. Meu amor profundo e incondicional pelo meu Dono, as ideias que brotam constantemente na minha cabeça para serem postas em prática, segundo as vontades Dele, nas nossas sessões, os sentimentos e confusões que habitam minha cabeça e coração. 
   As vezes me sinto sim fora dos padrões. Na verdade estar dentro dos padrões nunca foi meu forte, não que eu buscasse chamar a atenção ou algo parecido, mas o "ser comum" nunca foi uma meta, nunca me atraiu, por isso fico triste quando alguma coisa preconceituosa explode na minha frente... por que temos que seguir padrões, gostar das mesmas coisas, ouvir as mesmas músicas, vestir o mesmo estilo? Aceitação todo mundo gosta, mas por que não aceitar que as diferenças são o que fazem a vida atraente e divertida? Sou avessa a rotina, apesar de ter algumas e adorar, mas a possibilidade de escolher algo diferente deve ser constante na minha vida, se não eu enlouqueço, e de verdade!
   Por mais que possa parecer paradoxal, ser uma submissa masoquista abriu novos horizontes na minha vida, me libertou de grilhões que eu mesma tinha me posto. Sei que sofrerei dores incalculáveis caso algo me impossibilite de pertencer a meu Dono, mas sei também que nunca mais serei aquela que se fazia perdida em si mesma, que não se conhecia e não sabia do que era capaz. 
   Gostaria, num mundo de desejos realizáveis, que houvesse uma chance aproveitada em cada vida de poder viver plenamente, sem arrependimentos, sem esconderijos e que esse momento fosse o crucial, aquele divisor de águas que delimita o que era ruim, médio, do que é bom, do que realmente interessa. Busco esse momento todos os dias e as vezes o acho, aproveito pra sentir de verdade quem eu sou, o que eu quero, como eu quero, com quem eu quero e sabe o que sinto? Que nunca fui tão feliz. Que assim seja... muito e sempre. Apesar de que o que importa é o agora, hoje... ontem já foi, não dá pra mudar nem vale a pena se arrepender. Amanhã... bom, amanhã eu não conheço... 
   Um dia eu escrevo um post de tema único! Será que consigo?? hehehehe

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Homem brinca com bonecas sim!!

Desde pequenos sabemos que meninas brincam de boneca e meninos com carrinhos. Mas quem disse que menino depois que cresce não pode inverter isso e ter umas bonequinhas? 

sábado, 18 de agosto de 2012

estética x satisfação

Outro dia vi um comentário num gripo do fet life que chamou minha atenção. Um usuário (não lembro se Dom ou sub...) dizendo que o BDSM anda muito hipócrita! Justificativa: ele via muitas fotos de subs feias e obesas sendo elogiadas, exaltadas, chamadas de bonitas e isso deixou ele horrorizado! Como que mulheres com aquele tipo de corpo poderiam ser elogiadas, como poderiam ser consideradas belas?
Bom, o que é belo? 
Para Platão, o belo é a perfeição, o bem puro. Muitas vezes é visível, mas não entendível. 
Aristóteles, discípulo de Platão, iniciou a ruptura do conceito de belo do de perfeito, mas via o belo como algo que o homem é capaz de criar, o que chamamos de arte. Ou seja, era a hora do individualismo, aquilo que era simétrico, equilibrado, proporcional e ordenado era considerado belo.
Kant considera o conceito de belo também como "o que é agradável à vista e ao ouvido", acrescentando que o belo não pode ser só agradável, porque o prazer estético pode neutralizar o prazer sensível e vice versa. O agradável provoca desejo e está sujeito à predisposição do sujeito. O belo é sempre sensação subjetiva e desinteressada, não sendo determinado por nenhuma predisposição particular do sujeito. Kant dirá a propósito que o juízo sobre o agradável pressupõe o prazer provocado pelo objeto, enquanto o juízo sobre o belo é anterior ao prazer e condiciona-o.
Bom, pontos de vista diferentes, condicionamentos culturais diferentes... Gosto não se discute. E em se tratando de prazer o belo é satisfazer o prazer sem amarras (no nosso caso com amarras é melhor...), sem preconceitos. 
O ser humano é engraçado, né? Acha hipocrisia tudo aquilo que foge da sua zona de conforto, daquilo que ele julga ser melhor pra ele e não percebe que o belo está justamente em não ser perfeito, em não se buscar por algo que é ilusório que é irreal.
No BDSM o que é belo é justamente a capacidade de se doar, seja sub ou Dominador, porque se doar é doar o tempo, a sinceridade, o carinho, o corpo e disso todos N/nós nos apropriamos do outro e é preciso ser muito macho ou muito mulher para assumir, pelo menos pra si próprio, aquilo do que precisa, que se gosta. Deveria ser assim em qualquer setor da sua vida, independente se é praticante de BDSM ou não. 
Ser gordo, magro, alto, baixo, preto, branco, feio ou bonito não vai medir o tanto de prazer que se pode oferecer. Mas o que seria do prazer sem a dedicação, sem a doação e sem a certeza de ser quem se é?
E só uma dica: posso não ser uma modelo de beleza, de estética, mas sou uma mulher e submissa apaixonada, com disposição e vontades incondicionais quando se trata de agradar meu Dono. Sou incansável na busca de novas formas de prazer... física e emocionalmente dependente Dele, e hoje em dia, em tempos de futilidades e superficialidades nem todos têm o privilégio que eu tenho... e você, o que tem pra oferecer? Aliás, e você, é feliz? 











quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Desobediência

Chega então o momento mais desesperador que uma submissa não deseja que chegue: a desobediência. Independente do motivo, se por ansiedade ou impulso, por querer ou por desafio, não importa... desobediência é desobediência.
O que fazer agora? Nada... aguardar que O Dono decida minha sorte, que Ele me perdoe e entenda, mas é pedir demais. Eu errei. Eu falhei e agora... bom agora é sofrer por uma coisa que não tinha por quê. 
Errei... e não adianta ficar pagando de vítima. O que resta é aprender com o erro e não fazer isso nunca mais.
Quando aprendemos pela alegria as coisas parecem não term valor, mas quando é pela dor, pela decepção alheia é mais forte, mais fundo, mais triste.
Dormirei e acordarei com o peso da culpa e passarei ainda muito tempo com ela até a próxima oportunidade de errar e acertar. 
É de fundamental importância dar atenção ao fato que um erro pode ser evitado pela prudência. Mas estou longe de ser uma pessoa perfeita... assumo e peço perdão pela desobediência. 
De hoje em diante serei minha própria vigia, minha própria algoz. E perpetuarei por meus dias cada pensamento e atitude para servir meu Dono da maneira que Ele merece, afinal me escolheu porque viu em mim algo que não posso ver senão através Dele e o quanto seria mal agradecida se não valorizasse toda essa dedicação de tempo e aprendizado.
Me curvo aos Seu pés e peço que perdoe essa cadela burra que tanto Lhe ama, mas errou...

domingo, 12 de agosto de 2012

Como eu queria...




Como eu queria, como eu queria que você estivesse aqui
Somos apenas duas almas perdidas
Nadando num aquário
Ano após ano
Correndo sobre este velho chão
O que encontramos?
Os mesmos velhos medos
Queria que você estivesse aqui...


quarta-feira, 25 de julho de 2012

24/7/12... perfeito!

Ontem comemorou-se o dia internacional do BDSM. Para quem não sabe, o dia 24/7 se tornou significativo para quem vive o BDSM por fazer uma alusão a prática 24/7, 24 horas por dia, 7 dias por semana, que significaria a união sob o mesmo teto do Dominador e sua escrava. Prática essa sonhada por várias submissas, inclusive eu, que desejam uma relação total com seus Donos. Porém, eu vivo uma relação 24/7 porque me considero uma submissa em tempo integral. Do primeiro pensamento ao último, diariamente, volto-os para O Dono. Penso e repenso cotidianamente soluções para problemas, novas experiências, busco me conhecer e me tornar melhor para Ele. Meu corpo pode não estar junto ao Dele todos os dias, mas minha mente está.
Tenho a sorte de poder estar com meu Dono toda semana. As vezes chegamos a passar 4 dias juntos e isso me é caro, valioso e fundamental para minha vida. 
Conheço meu Dono há quase 2 anos e desde N/nossa primeira sessão O quis como Dono. Mas quis a vida que eu passasse por provações constantes e exaustivas para hoje ter a coleira Dele. Poder estar em contato com Ele constantemente. Cuidar das coisas Dele, da casa, da comida, das roupas, da febre, da ferida, das lágrimas, do suor, do gozo, do sorriso, do sono, do dormir e do acordar. Viver tudo isso é um sonho que realizo acordada. É a realização de uma vida.
São 4 meses de coleira. Mas 2 anos de devoção, de amor. Ainda há muito o que se viver junto ao meu Dono, momentos bons e ruins. Esse é N/nosso primeiro 24/7 juntos, numa relação D/s, e como estou feliz, mesmo longe Dele nessa data. Mas comemoraremos em breve, o final de semana está chegando e nos trará bons ventos.

Mesmo sabendo que O Senhor não me lê por aqui quero direcionar essas palavras ao Senhor:
Dono lindo, obrigada por me proporcionar tantas alegrias, tantos momentos perfeitos de amizade, de companheirismo, de risadas madrugadas a dentro, de cafunés para dormir, de sensações que jamais imaginei sentir. Não imagina o quanto Te olho quando estamos juntos para que quando estivermos separados eu possa senti-Lo mais perto, mais próximo, saindo de dentro de mim e me envolvendo como um escudo para que nada de ruim me aconteça. Guardo o brilho e a cor dos Seus olhos dentro dos meus olhos. O som do Seu riso levo no meu coração. Seu cheiro meu cérebro registrou como sendo fundamental para o funcionamento do meu corpo. Seu gosto me alimenta até o próximo encontro. Mas Sua pele, Seu toque penetraram na minha pele de modo a atingirem minha alma, e a partir disso tanto Seu riso, quanto olhar, cheiro, voz, passaram a fazer parte de mim. Elementos que se fundiram ao que eu era e me tornaram o que hoje eu sou. 
O Senhor é a melhor parte de mim. E nesse dia tão especial, aproveito e reforço meus desejos de ser Sua 24 horas por dia, 7 dias por semana e 12 meses por ano. Essa sou eu, Sua masoquista submissa, Seu objeto, Seu brinquedo... Sua erica.

"Para te escrever eu antes me perfumo toda..."
Clarisse Lispector



sexta-feira, 20 de julho de 2012

Hoje

Hoje estou sentindo Sua falta, mas estou com uma grande paz de espírito.
Apenas senti falta da Sua cabeça apoiada no meu braço.
Da Sua respiração perto da minha.
Do seu braço sendo meu travesseiro durante toda a noite.
Senti falta de ouvir que minha risada é engraçada, é boa...
Senti falta daquela visitinha ao meu pescoço enquanto lavo a louça.
Mas quanta mentira!! Quem disse que senti falta disso tudo hoje? Eu apenas senti saudade da Sua presença.

terça-feira, 10 de julho de 2012

O que for pra ser vigora!

Fomos feitos para caminharmos, para nos movermos e para sermos felizes, principalmente esse último aí!
Nada melhor do que fazermos tudo isso na companhia de pessoas que se alegram com as nossas alegrias, que se compadecem com nosso sofrimento e que, principalmente, nos levanta quando já não achamos mais forças dentro de nós.
Lá estávamos nós, meio perdidas, meio curiosas e olha onde estamos hoje!! Isso tudo porque era pra ser, precisávamos/precisamos uma da outra e assim será, no nosso mundinho, na nossa realidade.
Te dei a mão quando você chegou e agora você praticamente me carrega nos braços! Estamos felizes! Temos Donos maravilhosos! Nossa amizade é de verdade e nem nossa operadora de celular é capaz de nos separar!!!
Te adoro amiga! Obrigada pela parceria e pelas palavras duras na hora certa!

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Inveja

Há pouco mais de um ano e meio eu descobri o BDSM e conheci muitas pessoas, mais do que eu poderia imaginar conhecer. Pessoalmente conheci poucas e dentre as que conheci virtualmente poucas valeram a pena de verdade. 
Como tenho o BDSM como estilo de vida, como opção, sei que ainda há muito a ver, conhecer. Porém, uma coisa que sempre me chamou a atenção foi algo que existe em qualquer lugar, inveja. Inveja das marcas no corpo, inveja das práticas que executa, inveja da determinação... e minha opinião em relação a isso é a de que quem sente isso é pura e simplesmente incompetente. 
Sou determinada e focada, isso talvez seja o motivo pelo qual invejei pouco tudo o que vi até hoje. Preferi investir naquilo que procurava, naquilo que senti ser o certo a fazer. Hoje tenho uma relação ótima com meu Dono. É perfeita? Não! Mas que relação é? Quem vive ou tem exatamente TUDO o que quer? Eu aprendi a entender que tenho o que preciso e o que ainda não tenho é apenas uma questão de tempo e oportunidade para conseguir.
Penso que quem sabe o que quer e acredita na capacidade de conseguir não tem tempo para reparar nas falhas ou na vida dos outros. Ah, mas eu não sou de ferro também, nem estou a cima do bem e do mal, apenas não me preocupo com aquilo que não me interessa. E você me perguntará: e o que te interessa? Me interessa a felicidade dos meus amigos, a cumplicidade que estabeleci com meus parceiros de caminhada, me interessa, a cima de tudo, ver meu Dono feliz e confiante, certo de que a escolha que Ele fez foi certa e que Ele não está arriscando pura e simplesmente por prazer imediato. 
Cuido, zelo, satisfaço e surpreendo meu Dono sempre que Ele assim desejar. Minhas atitudes interessam a Ele e não faço questão de ser A SUB MARAVILHOSA PERFEITA E INVEJÁVEL que muitas ACHAM que são. Nem mesmo me interessa ser. 
Na minha escolha de vida cabem a minha satisfação e a do meu Dono. Até onde vai a sua curiosidade na minha vida vai depender de até onde EU vou deixar você saber! De repente é isso que incomoda algumas pessoas.
Tantas pessoas felizes, tantas parcerias dando certo, tanto a se investir na vida e mesmo assim pessoas pequenas ainda cismam com a nossa vida! Não sou de conflitos, não busco inimizades, mas minhas atitudes dependem das atitudes que se direcionam a mim, mas de uma coisa podem estar certos, minha atitude depende da sua, mas não é a mesma!
Nesse post não caberiam imagens eróticas ou de cunho sexual, mas como estou muito feliz hoje, deixarei uma figura representando minha alegria de estar viva e de estar nas mãos de um Dominador maravilhoso, ao qual dedico cada segundo do meu dia, cada abrir e fechar de meus olhos, meu primeiro e meu último pensamento todos os dias. Amo-Te mais e mais a cada dia.





segunda-feira, 25 de junho de 2012

Asfixia erótica

Conversando com uma amiga sobre assuntos aleatórios, e entre outros assuntos, surgiu a asfixia erótica. 
Particularmente eu adoro, gosto da pressão, de ir me acalmando aos poucos enquanto o Dono aperta cada vez mais... Ele sempre brinca: tá viajando, né cadela? Porém, assim como todas as práticas, essa precisa de muita atenção e consciência por parte de quem é ativo e de quem é passivo nela.
Mas há uma versão da asfixia erótica que depende única e exclusivamente do bom senso: a auto-asfixia erótica. Já fiz uma vez e é legal, mas vamos combinar que perder o controle nesse caso é algo perigoso e irreversível: morte! O ator David Carradine que fez o Bill em Kill Bill não teve muita sorte e foi dessa pra melhor desse jeitinho. 
Vou tentar falar um pouco sobre essa prática de maneira informativa e não lúdica a fim de esclarecer que práticas extremas não é para qualquer um.
É considerado asfixia erótica quando o indivíduo interrompe intencionalmente a oxigenação para o cérebro com o objetivo de intensificar o prazer sexual. Seja por estrangulamentos, garroteamento, afogamento, pouco importa. O que está em jogo aqui é alerta para o risco que essa parafilia tem e como usa-la de maneira consciente e segura. 
Como eu já disse, sou uma praticante de tal parafilia e é, sem dúvidas, uma das minhas práticas prediletas. Sejamos sinceros, ninguém fica calculando os riscos na hora da ação, então é sempre legal conversar antes com a pessoa com quem vamos fazer algo que tenha riscos iminentes e confiar um no outro.
Aí vão algumas dicas e sugestão de conversa para antes da prática e depois... bom, depois aproveite cada segundo desse momento.

  • Ter consciência de que há risco de morte: claro que atravessar a rua também tem riscos e nem por isso a gente deixa de fazer, porém é bom olhar para os dois lados, ou seja, tomar cuidado!
  • Nunca faça sozinho porque se você apagar não terá ninguém por perto que possa te ajudar. Se fizer uma busca pela internet encontrará um número de casos que pode te surpreender se comparados a estrangulamentos.
  • Confiar no outro durante a prática é essencial. Eu e O Dono não usamos a selfword em nenhuma prática, porém eu indico através de gestos quando estou no meu limite, então estabeleça códigos.
  • Uma coisa que vale para quase tudo relacionado a práticas BDSM é: evite estar alcoolizado, e nas asfixia erótica tanto para um quanto para outro é fundamental o controle. Se você é quem está sufocando lembre-se que uma vida está nas suas mãos, preserve-a para usar quantas vezes quiser (hehehehe).
  • Não perca de vista o rosto do asfixiado, se estiver por trás, faça perto de um espelho e acompanhe o que acontece atentamente.
  • Se a pessoa desmaiar solte na hora para a circulação voltar. Se for o caso, um bom tapa na cara pode reanimar a (o) desmaiada (o), mas se isso não acontecer imediatamente, chame a ambulância rapidamente. 
Algumas variações da asfixia (porque ter criatividade é fundamental!!)
  • Autoasfixia: É quando a própria pessoa aplica em si o ato.
  • Afogamento: mergulhar a cabeça em algum lugar com água (mais uma vez, use a criatividade!)
  • Estrangulamento: usar braços ou mão apertando o pescoço (minha preferida *-*)
  • Hand Smothering: Tampar nariz e boca com as mãos.
  • Breast Smothering: Asfixia com os seios
  • Máscara de gás
  • Face setting: sentando no rosto 
  • Garroteamento: uso de cordas, fitas, lenços em volta do pescoço (O Dono gosta de usar a corrente da guia da coleira... fico linda no tom de roxo!)
  • Sacolas plásticas: assim como as máscaras de gás ou de látex, e até mesmo filme plástico, a circulação de ar vai diminuindo aos poucos e dá um calor!! 
  • Trampling: asfixia com o pé no tórax ou no pescoço, mais comum entre as Dommes
No final das contas, o que importa é aproveitar ao máximo as brincadeiras. O prazer é algo que deve ser testado e esgotado, usado ao máximo e repetido sempre que for possível!

As borboletas

Antes elas estavam no meu estômago...
Agora vivem ao meu redor!

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Tá usando coleira, professora? Esse D é de que?

Uso uma coleira social com a letra D. Uso e ostento com orgulho. Estou indo com ela para o trabalho e hoje parecia que as pessoas olhavam diretamente para ela Sei que muitos se perguntaram o significado dessa letrinha, mas uma aluna teve coragem de me perguntar: tá usando coleira, professora? Espantada, respondi que sim e segui a diante. 
A noite, qual não foi minha surpresa, encontrei minha mãe no mercado (sempre tiro a coleira antes de entrar em casa para não me colocar numa situação que talvez fosse complicada de explicar sem me entregar), mas ela viu e me perguntou: Esse D é de que? Ela sabe que saio com alguém cujo nome começa com essa letra e eu dei uma desculpa boba, de brincadeira e ela aceitou a coisa de eu usar o pingente, não falou nada...  Mas ela não sabe que é uma COLEIRA. E nem precisa saber, né?
O que na verdade me deixou feliz é que agora posso usar minha coleira em tempo integral, sem esconder de ninguém! É linda a sensação! É estar livre para se exibir e mostrar o quanto isso me envaidece, o quanto isso me torna a mulher mais bonita! Por dentro e por fora!
Obrigada, Dono, por me transformar cada dia que passa na mulher feliz e linda que sou!



segunda-feira, 11 de junho de 2012

Tema batido: amor e D/s

Várias foram as vezes em que li sobre submissas que se apaixonam por seus Donos e se perdem. 
O problema de se apaixonar no BDSM é o mesmo que se apaixonar no meio baunilha, só vai dar certo que houver correspondência. Simples assim!
Mas o que fazer quando não há o retorno do sentimento? As escolhas pairam entre desistir da relação à aceitar apenas a relação D/s. As duas escolhas são complicadas e dolorosas, mas ainda acho que viver o que se pode viver ainda é uma saída louvável. Porque assim você não desperdiça o sentimento, mas devemos treinar o que sentimos, adestrar as emoções. Tão difícil... mas alguém disse que seria fácil?
Saber (aceitar) que só estamos presentes em uma parte da vida Dele e só dessa parte é o primeiro passo para sofrer menos. Não, Ele não vai te chamar para um churrasco com a família. Não, Ele não vai te apresentar como uma amiga querida. Isso não significa que você será uma eterna clandestina, eu não sou! Mas é preciso resignação nessa realidade. 
Não posso reclamar de nada. Tudo que é conversado é entendido e assim está sendo. Mas quando tem sentimento, a conta maior é de quem sente mais. 
Eu sigo com meus propósitos e organizo meus sentimentos, me adaptando a Ele, isso deve ser algo bem claro. Eu me adapto, não Ele. 
Vivo uma relação que considero 24/7 porque acordo e vou dormir com meu Dono na cabeça e no coração. Já postei algo sobre o "eu te amo" no BDSM e volto a dizer que o que sinto não tem nome, não é amor, é algo além, muito além. Dizer que amo meu Dono não satisfaz o que sinto, falta alguma coisa, talvez falte o lado que caberia a ele... (deve ser isso! Acho que descobri como preencher a lacuna).
Sigamos em frente! Nos preparemos para o próximo encontro e sejamos felizes do jeito que der! Querer mais é normal... mas não é pra mim.

Um dia de domingo

Eu preciso te falarTe encontrar de qualquer jeitoPrá sentar e conversarDepois andarDe encontro ao vento...
Eu preciso respirarO mesmo ar que te rodeiaE na pele quero terO mesmo sol que te bronzeia...
Eu preciso te tocarE outra vez te ver sorrindoTe encontrar num sonho lindo...
Já não dá mais prá viverUm sentimento sem sentidoEu preciso descobrirA emoção de estar contigo...
Ver o sol amanhecerE ver a vida acontecerComo um dia de domingo...
Faz de conta que ainda é cedoTudo vai ficarPor conta da emoçãoFaz de conta que ainda é cedoE deixar falarA voz do coração...



sábado, 21 de abril de 2012

Asfixia e as delícias de "perder o ar"

A presença da mão no meu pescoço, só brincando, já é algo que me fascina. Sentir apertar gradualmente, sufocando, regulando o quanto de ar que me deixa viva... é o momento onde minha vida está literalmente nas mãos Dele. A falta de ar deixa os outros sentidos aguçados e ei gosto de olhar nos olhos, sentir a respiração faltar e buscar por ela na boca do Dono.


Gosto quando o ar está num filete, no limite, na sublime quase falta de vida, mas saber que eu posso voltar a viver assim que Ele quiser. Já fui asfixiada com as mãos, com corda, com corrente, mas ainda não tive a chande de experimentar sacolas e água!



Jogos perigosos, adrenalina, tesão, prazer e cumplicidade. A confiança me permite usufruir de momentos de intenso prazer e proporcionar isso é quase sem preço, sem explicação, apenas vivemos. 
"O nosso jogo perigoso combina, nós somos fogo e gasolina"

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Que sentimento é esse?

Estava conversando com uma amiga e nos questionávamos sobre o "eu te amo" dito pelas submissas aos seus Donos, inclusive nós. Como amar e dizer isso a alguém que as vezes conhecemos tão pouco? Esse pouco é o suficiente? É sincero esse "eu te amo"?
Bom, eu não vou julgar os sentimentos e as atitudes dos outros, mas tenho pouca experiência quando se trata de sentimentos assim externados, uma vez que essa "troca" não me é familiar, mas enfim!
A primeira vez que eu disse "eu te amo" a alguém foi para o meu Dono. E confesso que não era exatamente isso que eu queria dizer. Estive pensando... a gente tem em mente que o amor é o sentimento mais forte, e como vivemos algo intenso e forte, dizemos que é amor mas eu não acho realmente que seja, mesmo que eu precise usar esse sentimento para expressar o que sinto
e qual seria esse sentimento, afinal de contas? Ainda não deram um nome a ele, então eu poderia transformar, com a licença poética que não me cabe, mas que uso assim mesmo, o nome  do meu Dono em sentimento e dizer que estou "diegando". Sim, e a cada dia mais eu estou diegando... e talvez esse sentimento eu saiba qual é, conheço a cada dia e me reconheço nele também a cada dia. Esse sim me sai do coração, do corpo, da veracidade com a qual eu me entrego. Precisamos deixar de ser cartesianos e dar uma direção exata para tudo, um nome "comum" para o que sentimos! Viver o BDSM é justamente se deixar viver coisas novas, sentir novos prazeres e por que não criar novos "rótulos" para o que sentimos? Sim, eu me permito experimentar novos prazeres, novos sentimentos, novas maneiras de testar meus medos e minhas inseguranças e isso tudo porque hoje me permito "diegar"! E como isso me enche a alma!!!! Dizer que estou "diegando" intensamente! Permita-se!!! Sinta!!! 
Obrigada, Dono, por me permitir "diega-Lo"! 


segunda-feira, 16 de abril de 2012

Veneração

Sou uma fiel veneradora do meu Dono e do Seu falo. Meus olhos, quando focam no pau Dele, obrigam minha boca a se abrir. É um movimento integrado, coordenado, sincronizado, eu diria. Minha fonte de alimento, meu orgulho, meu amor.










Branding - Marcas



Dentro do contexto BDSM, o branding é uma forma de estabelecer um elo entre os parceiros através da marcação feita, geralmente com ferro quente, como se faz para marcar o gado. Essa marca pode ser criada exclusivamente para consolidar essa parceria e eternizar a relação, uma vez que a marca será permanente.
Acredito que esse seja uma das maiores provas de estima e adoração de uma parte para com a outra e essa ideia ronda meus pensamentos desde que conheci meu Dono. Imagino algo bem bonito, como uma joia que vou carregar para sempre, com orgulho.


Quem sabe um dia, né? Mas o legal é que descobri que são feitas diversas pesquisas antes de se chegar a conclusão de qual o melhor metal, a temperatura que o metal deve estar para marcar a pele. É uma preocupação bacana, demonstra cuidado, carinho. E como negar um agrado desse? Como não querer isso sendo uma masoca apaixonada? 
Dizem que amor e BDSM não combinam... ou não devem se misturar. Discordo. Se eu não amasse meu Dono não estaria com Ele, mas cada um tem seus motivos, os meus são vários, mas com certeza um deles é amor. 
Recordei de um filme magnífico sobre o tema BDSM, O Juíz do SM, ou, Rechter. Uma bela história que aborda não só o BDSM, mas tudo o que o cerca: preconceito, realização, práticas, descobertas... e amor.
Caso alguém leia isso, saiba que isso é uma realidade na minha vida, tudo isso. E é assim que sou feliz e espero que você também seja ;)

As cenas a baixo foram retiradas do filme citado na postagem








sexta-feira, 13 de abril de 2012

Pertencer segundo Clarice Lispector

...Tenho certeza de que no berço a minha primeira vontade foi a de pertencer. Por motivos que aqui não importam, eu de algum modo devia estar sentindo que não pertencia a nada e a ninguém. Nasci de graça. 

Se no berço experimentei esta fome humana, ela continua a me acompanhar pela vida afora, como se fosse um destino. A ponto de meu coração se contrair de inveja e desejo quando vejo uma freira: ela pertence a Deus. 
Exatamente porque é tão forte em mim a fome de me dar a algo ou a alguém, é que me tornei bastante arisca: tenho medo de revelar de quanto preciso e de como sou pobre. Sou, sim. Muito pobre. Só tenho um corpo e uma alma. E preciso de mais do que isso. 
Com o tempo, sobretudo os últimos anos, perdi o jeito de ser gente. Não sei mais como se é. E uma espécie toda nova de "solidão de não pertencer" começou a me invadir como heras num muro. 
Se meu desejo mais antigo é o de pertencer, por que então nunca fiz parte de clubes ou de associações? Porque não é isso que eu chamo de pertencer. O que eu queria, e não posso, é por exemplo que tudo o que me viesse de bom de dentro de mim eu pudesse dar àquilo que eu pertenço. Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado em papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o! Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos. 
Pertencer não vem apenas de ser fraca e precisar unir-se a algo ou a alguém mais forte. Muitas vezes a vontade intensa de pertencer vem em mim de minha própria força - eu quero pertencer para que minha força não seja inútil e fortifique uma pessoa ou uma coisa. 
Quase consigo me visualizar no berço, quase consigo reproduzir em mim a vaga e no entanto premente sensação de precisar pertencer. Por motivos que nem minha mãe nem meu pai podiam controlar, eu nasci e fiquei apenas: nascida. 
No entanto fui preparada para ser dada à luz de um modo tão bonito. Minha mãe já estava doente, e, por uma superstição bastante espalhada, acreditava-se que ter um filho curava uma mulher de uma doença. Então fui deliberadamente criada: com amor e esperança. Só que não curei minha mãe. E sinto até hoje essa carga de culpa: fizeram-me para uma missão determinada e eu falhei. Como se contassem comigo nas trincheiras de uma guerra e eu tivesse desertado. Sei que meus pais me perdoaram por eu ter nascido em vão e tê-los traído na grande esperança. 
Mas eu, eu não me perdôo. Quereria que simplesmente se tivesse feito um milagre: eu nascer e curar minha mãe. Então, sim: eu teria pertencido a meu pai e a minha mãe. Eu nem podia confiar a alguém essa espécie de solidão de não pertencer porque, como desertor, eu tinha o segredo da fuga que por vergonha não podia ser conhecido. 
A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo. E então eu soube: pertencer é viver. Experimentei-o com a sede de quem está no deserto e bebe sôfrego os últimos goles de água de um cantil. E depois a sede volta e é no deserto mesmo que caminho!


Clarisse Lispector

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Prazer maior

"Este prazer é tamanho que nada pode interferir nele.


e o objeto que Lhe serve não pode, ao saboreá-Lo, deixar de ser transportado ao terceiro céu


nenhum outro é tão bom, nenhum outro pode satisfazer tão completamente os indivíduos que cedem a ELe


e aquele que O experimentam só conseguem voltar a outras coisas com muita dificuldade."


Donatien de Sade