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domingo, 4 de março de 2012

Seu cheiro

Nossa memória funciona como um arquivo, literalmente um registro de tudo que aprendemos, vimos, conhecemos, tocamos, ouvimos ou de um jeito ou de outro, assimilamos.
Ouvir uma música, ver uma foto, sentir um cheiro, um sabor, tudo isso pode nos levar a lugares e situações que provavelmente não iremos mais viver.
Mas de todas acho que o cheiro me é mais forte. Lembro de momentos em que meu nariz Te procura ou procura no ar, solto como uma bolha de sabão, o cheiro que me acalenta e me envolve. Que me deixa a mercê do mundo de ideias e desejos que existem na Sua mente.
Meus sentimentos dão voltas em torno da lembrança que Sua pele deixa na minha. Tenho uma imagem muito nítida na lembrança e se um dia ela estiver na lista das imagens a serem salvas certamente ficará nas primeiras posições: deitados, na mesma posição, de lado. Suas costas na minha frente. Seu rosto virado para uma janela e minhas costas viradas para a outra janela do Seu quarto. Acordei, despertei com algum barulho e me vi com o rosto pertinho pertinho da Sua pele. Como que instintivamente, estiquei mais o pescoço e esfreguei meu nariz nas Suas costas, como um gato de esfrega no dono. E era isso que eu fazia. Me esfregava no Dono  dos meus sentidos, dos meus sentimentos, das minhas memórias, da minha vida. Nem mesmo um sinal de que aquilo O incomodava, mas eu não poderia abusar, já tinha o que queria. Seu cheiro em mim.


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